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Uma análise objetiva sobre os fatos político-econômicos que mais impactam o ambiente de negócios.

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O Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom) optou, por unanimidade, por manter a taxa Selic em 13,75% ao ano (a.a.). É o mesmo índice fixado nos últimos seis encontros, desde agosto de 2022.

O conselho informou que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para 2023 e 2024. No cenário interno, a avaliação foi de que a inflação ao consumidor está acima do esperado. O comitê também justificou a manutenção da taxa em razão dos episódios envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa, que elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados.

Argumenta-se que os juros elevados já têm gerado consequências negativas para o crescimento econômico, como o resultado mais fraco do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2022. O juro real, descontada a inflação, muito alto, desestimula os investimentos produtivos e, por outro lado, torna mais atrativo manter o capital em aplicações financeiras, ou seja, reduz o potencial de geração de emprego e renda.
 

Decisão acertada 

Para a assessoria técnica da FecomercioSP, a decisão do Banco Central (Bacen), neste momento, foi correta, marcada por prudência e cautela, diante de uma inflação persistente e de um quadro fiscal ainda incerto.

economista André Sacconato, consultor da FecomercioSP e membro do Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP) da Entidade, destaca que o momento não é o ideal para que o Bacen inicie o ciclo de redução da taxa de juros, uma vez que, ao olharmos todas as previsões de inflação, não há conversão nem para a meta de 2024. Outro fator é que o mercado ainda não confia que o governo tenha um comprometimento sério contra a inflação. “Não adianta o Bacen baixar juros agora, com toda a pressão por parte do governo, porque isso só vai piorar a situação, principalmente do empresário que deseja fazer investimento de longo prazo.”
 

Tarefa do governo

O não cumprimento da promessa de divulgar o arcabouço fiscal antes da reunião do Copom é um dos motivos para a falta de confiança no governo quanto às expectativas para a inflação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria apresentado os detalhes das novas regras fiscais, mas o próprio presidente Lula teria impedido a divulgação do projeto por entender que estaria muito restrito. “O que o mercado entendeu? Que o governo vai colocar vários gastos no projeto, o que poderá gerar ainda mais inflação no futuro. Parece que não há muito empenho para debelar a inflação, mas tocar os próprios projetos”, afirma Sacconato.   
 

Inflação persiste

Frente aos dados de fevereiro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – muito longe da meta –, o mais prudente seria manter a taxa de juros, avalia o economista. O IPCA registrou alta de 0,84% no mês passado, valor 0,31 ponto porcentual (p.p.) acima do registrado em janeiro. “O Bacen precisa desta ajuda fiscal, que o governo diminua um pouco os gastos para que retire dinheiro da economia e faça com que a demanda não fique tão aquecida, sobretudo por serviços.”
 

Na prática…   

Para o pequeno empresário, o momento pede cautela, analisa Sacconato, uma vez que enquanto não houver um consenso entre políticas fiscal e monetária, a tendência é que os juros continuem nas alturas. A orientação para o setor empresarial é que tente gerir os negócios da forma mais equilibrada possível. Não há espaço para grandes investimentos, a menos que haja alguma oportunidade muito boa no setor. “É hora de ser conservador, manter um estoque não muito alto, rodar com esse estoque e ser criativo na hora de cortar custos.”

De acordo com o economista, um ambiente de inflação alta é muito pior do que um de juros altos, principalmente para as pequenas empresas e os consumidores de baixa renda. “Inflação alta é o pior dos mundos. Ao não baixar os juros de forma irresponsável, o Bacen está protegendo empresas e população”, conclui.


 

RADAR MONITORA 
 
Bacen “peita” o governo
Os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos tomaram, na última quarta-feira (22), decisões de grandes impactos macroeconômico e político. Apesar da impressionante pressão do governo Lula por uma derrubada imediata dos juros básicos (Selic), o Bacen manteve os 13,75% a.a., como se esperava, decisão que pode ser interpretada como franco desafio ao governo, que quer juros substancialmente mais baixos para baixar o custo do crédito e acionar as retomadas da atividade econômica e do emprego. Isto é, quer que o Bacen não maneje a política monetária apenas para conduzir a inflação para a meta, como está na lei, mas com objetivo contracíclico, a fim de reverter a estagnação da economia. O banco, por sua vez, apega-se a seu mandato, que é o de combatera inflação, que tem, hoje, dentre as principais causas, a excessiva expansão das contas públicas, escreve o colunista Celso Ming no Estadão.
 

FED eleva juros nos Estados Unidos em 0,25%
O Federal Reserve (FED, o banco central dos Estados Unidos) decidiu, na última quarta-feira (22), elevar a taxa de juros do país em 0,25 p.p. , que passam para a faixa de 4,75% a 5%. De acordo com o The Federal Open Market Commitee (Fomc), o comitê de política monetária do banco, a decisão levou em conta os indicadores que apontaram “crescimentos modestos do gasto e da produção”. “Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego se manteve baixa. A inflação continua elevada”, afirmou o órgão, em comunicado, informa a CNN.

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